Setor industrial aponta sistema tributário como maior entrave para aumentar exportações
Por: Carlos Villela
Fonte: Folha de S. Paulo
Uma pesquisa inédita da CNI (Confederação Nacional da Indústria) com
empresários do setor industrial colocou a carga tributária elevada como o maior
entrave para a competitividade da indústria brasileira no cenário internacional.
A pesquisa feita pelo instituto Nexus apontou que 45% dos entrevistados citam
a bitributação e a complexidade tributária como a maior barreira para empresas
nacionais, seguido pelo custo Brasil (35%) e a falta de mão de obra qualificada
(31%).
"O custo Brasil é esse conjunto de dificuldades estruturais, burocráticas e
econômicas que prejudica o ambiente de negócios do país, pois encarece os
custos das empresas, atrapalha investimentos e compromete a
competitividade", disse Ricardo Alban, presidente da CNI, em comunicado.
O custo Brasil é um cálculo que indica os gastos extras que uma empresa tem
para produzir no país, em comparação com a média de custos nos membros da
OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico).
"Todos os fatores apresentados na pesquisa estão ligados ao valor do Custo
Brasil, estimado em R$ 1,7 trilhão por ano, o que equivale a 20% do PIB
brasileiro", disse Alban.
Também são apontados como entraves a burocracia e o ambiente regulatório
(25%), a insegurança jurídica (22%), a inovação e tecnologia insuficientes (14%),
a reputação e imagem do Brasil no exterior (13%), os custos de energia (13%),
as exigências da legislação ambiental internacional (11%), a falta de crédito para
exportação (10%) e o cumprimento das exigências ambientais de clientes (8%).
A percepção de que a bitributação e a complexidade tributária dificultam a
expansão internacional é mais forte entre empresários do Nordeste, onde atinge
55%, frente a 45% no Sudeste, 43% no Sul e 33% no Norte e Centro-Oeste.
O tema é a principal reclamação nas regiões Sudeste, Sul e Nordeste. Já no
Norte e no Centro-oeste, o maior obstáculo apontado pelos empresários é a
escassez de mão de obra qualificada, citada por 38% dos entrevistados.
A pesquisa também questionou se políticas de fortalecimento da imagem da
indústria brasileira podem aumentar as exportações. A maior quantidade de
respostas positivas veio do nordeste, onde 42% dos entrevistados disseram que
aumentaria muito e 43% afirmaram que aumentaria um pouco, ante 12% que
responderam que não haveria interferência.
Os números positivos também são altos no norte e centro-oeste, onde 35% dos
entrevistados disseram que aumentaria muito. A média nacional é de 29%,
mesmo índice registrado nos estados do sul. No sudeste, esse percentual é de
25%.
11% dos industriais do nordeste citam como desafio o cumprimento das
exigências ambientais de clientes. O número chega a 9% no norte e centrooeste,
8% no sudeste e 7% no sul.
Foram entrevistados mil representantes de indústrias de todo o país, sendo
metade do Sudeste, entre 15 de maio e 17 de junho.